A copa e a militarirização das ruas

Há sete anos atrás ficamos sabendo que copa do mundo seria aqui no Brasil. Negociações políticas, empenho do governo, promessas de incentivos devem ter sido oferecidas. Publicamente as despesas com as obras necessárias seriam pagas com capital da iniciativa privada que envolve licitações, incentivos, dispensas fiscais, enfim. Maravilha: O País vai tomar um choque de atualidade, aeroportos, estádios, estradas; não se falou em hospitais, em escolas, não se falou em cidadania. A negociata é que o Brasil vai ser entregue a FIFA, a imprensa vai ser monitorada, o povo vai ser encarcerado em suas casas, nada de manifestação, vamos engolir guela abaixo o que a Fifa e o governo federal arranjaram. Logo se pensou em policiamento ostensivo, forças especiais, as ruas cheias de homens fardados enquanto na Central do Brasil os transeuntes são roubados na frente das câmaras, enquanto carros da polícia a poucos metros fazem vista grossa, só posso pensar.
O custo das obras duplicaram, triplicaram, quadruplicaram, se multiplicaram, a diferença nós pagamos com o que seria destinado para a educação e a saúde, o bem estar do povo, infraestrutura decente, água potável, tantas coisas simples. A revolta do povo veio para as ruas, de várias maneiras, cobrando transporte decente e mais barato, mostrando a irresponsabilidade de gente morrendo na porta dos hospitais, estradas esburacadas, aeroportos com voos atrasados, a inflação crescendo sem parar. Resposta: gás lacrimogênio, bala de borracha(???!!), bala de acrílico, esta imagine, não venha me dizer que é não letal, bala de metal rola na lista das perdidas, cacetete, pimenta, escudo, máscaras. Pergunto: preparação para sediar uma copa ou preparação para um guerra civil?
Entre quase 50% de brasileiros revoltados com a copa, não estamos contra o Brasil ou contra uma seleção, ou contra o esporte futebol que tanto o povo gosta. EU NÃO LIGO, NÃO ASSISTO, NÃO VOU A ESTÁDIO, queria apenas ter o direito de ir e vir sem ser vigiado, cercado, tolhido, quero ver meus compatriotas ao precisarem de um hospital serem atendidos até voltarem ao seu estado de saúde, quero que os governantes parem de enganar o povo com promessas que se sabe inviáveis, ou que se puna os gestores que estão sempre desviando dinheiro público, fazendo lobyes do mal. Chega de bandidagem, de robalheira, de mentiras oficiais. Temos em seguida as eleições mas antes os bacanis eleitorias na palavra de um prefeito surubista.
Quero um país decente, para que possamos exercer nossa decência sem vergonha por nos sentirmos diferentes.